Você se sente livre e acolhide em suas relações? Sente que pode falar sobre qualquer assunto, sem restrições? Inclusive sobre os desconfortos gerados na própria relação? Sente que a outra pessoa te escuta e te entende?
Aqui, chamo de relação qualquer tipo de interação humana gerada pela convivência. Não apenas relações romântico-sexuais, mas também amizades, família, trabalho etc... Pessoas com as quais você convive.
Quantas vezes você já deixou de falar sobre um desconforto seu por receio de magoar a outra pessoa? Ou até por receio de parecer infantil ou inadequade. Quantas vezes você já sentiu culpa por perceber em si algum sentimento dito "errado" como raiva, tristeza, ciúme? Ao longo da vida, aprendemos a podar determinados comportamentos ou até sentimentos para caber nas expectativas das pessoas com quem nos relacionamos. Com tempo, aprimoramos tanto essa técnica que passamos a esconder até de nós mesmes.
Mas será que isso é saudável? Como fica a saúde mental?
Esse senhorzinho simpático da foto se chamava Carl Ransom Rogers (1902-1987) e foi um teórico importante da Psicologia Humanista. Ele quem desenvolveu a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Rogers acreditava que nossa saúde mental estaria ligada a uma vida livre e autêntica e que todos os seres vivos - de plantinhas a humanos - têm em si um potencial de desenvolvimento, ao qual chamou de Tendência Atualizante.
Só que ao longo da vida a gente acaba se distanciando da nossa autenticidade para agradar as pessoas que são importantes para a gente. Alguma vez você já deixou de fazer o que gostaria com receio de decepcionar quem você ama? Somos levades a acreditar que o afeto é uma moeda de troca e que precisamos suprir as expectativas de outras pessoas para merecer o amor.
Então, Rogers defendia que para que a Tendência Atualizante pudesse florescer em nós, precisamos de algumas atitudes em nossas relações. Atitudes que nos façam sentir acolhides, livres de julgamentos e compreendides. Atitudes que facilitam o desenvolvimento da Tendência Atualizante, são elas: empatia, aceitação e congruência.
Foi basicamente isso que Rogers quis dizer quando criou a Abordagem Centrada na Pessoa! 😂😂
Assim como as plantinhas precisam de sol e água pra se desenvolverem, os seres humanos precisam de Atitudes Facilitadoras presentes nas relações. Mas que atitudes são essas?
Consideração Positiva Incondicional: Significa considerar positivamente - aceitar, reconhecer e validar - o mundo interno de alguém. Uma consideração livre de julgamento de valor. Eu reconheço as motivações, os sentimentos e os desafios de outra pessoa, sem considerar como algo bom ou ruim. São apenas experiências que existem e têm um motivo válido para existir. O que não significa concordar com tudo o que a pessoa faz e “passar pano” para comportamentos inadequados, mas sim validar sentimentos ou pensamentos independente de quais sejam eles.
Compreensão Empática: É entender o mundo interno de outra pessoa a partir do seu olhar. Abrir mão até certo ponto das crenças pessoais para conseguir entender as de outrem. É uma compreensão tão profunda que até mesmo o não dito é entendido, a mensagem que fica nas entrelinhas. Portanto, acredita-se que naquela situação, apenas a própria pessoa pode saber o que é melhor para si, pois entende-se profundamente suas motivações para agir dessa ou daquela forma. Além disso - diferentemente da empatia - a compreensão empática exige uma manifestação de quem compreende. Para que, dessa forma, quem compartilha se sinta acolhide.
Congruência: É muito importante para manter o vínculo da relação. Mas para ser congruente com o que sinto, preciso em primeiro lugar de autoconhecimento e autopercepção para então dividir com alguém. Como me sinto nessa situação? O que sinto me relacionando com essa pessoa? E então preciso ter sinceridade ao dividir isso. Se finjo acolhimento enquanto na verdade estou irritada, a pessoa percebe a irritação por mensagens sutis demonstradas inconscientemente no corpo ou na fala. A outra pessoa pode até não tomar consciência do que há de desconfortável na relação, mas provavelmente não se sentirá acolhida. Além disso, quando sou congruente na relação, a pessoa tende a se sentir autorizada a ser também.
Claro que isso tudo é só um resumo do que são as Atitudes Facilitadoras na ACP. Existe muito mais o que se discutir sobre os desdobramentos delas nas nossas relações. Mas até aqui, você consegue perceber alguma dessas atitudes nas suas relações? Você consegue oferecer atitudes facilitadoras às pessoas do seu convívio? Você as recebe de alguém? Isso tudo faz sentido para você?
Se esse texto te despertou interesse, agende um horário e experimente uma relação livre e autêntica!
Flávia Barros
Doula e Psicóloga.
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